Quinta-feira, 18 de abril 2024
O Brasil se vê diante de um quadro alarmante: a violência assume proporções epidêmicas, estampando manchetes chocantes nos noticiários. Crimes bárbaros, muitas vezes orquestrados por figuras de status social, se multiplicam em um ritmo assustador. A sociedade se sente sitiada, refém do medo e da insegurança.
Em meio a esse caos, somos invadidos por notícias das mais trágicas, tais quais a descoberta de um barco com corpos em decomposição ou a atitude impensada de um jovem que, após uma briga, atropela seus oponentes, deixando-os gravemente feridos, ambas retratando fielmente o estado de barbárie que assola o país. A mídia, por sua vez, em vez de ecoar a indignação da população, denunciando a inércia do Estado diante da escalada da criminalidade, prefere amplificar os relatos mais grotescos de violação e desrespeito à humanidade.
Nesse triste contexto, o fatídico “perdeu Mané!” reverberado pelo Ministro Barroso em tom jocoso, resume com precisão a sensação de impotência e desamparo que toma conta da sociedade. O “Mané” em questão é indivíduo comum, submetido ao controle, à ordem e à segurança pública do Estado. Contudo, o Estado, outrora responsável por garantir a proteção de seus cidadãos, parece ter se perdido em meio ao labirinto da violência que se aprofunda a cada dia.
É urgente que nossos governantes despertem para a gravidade da situação e abandonem a postura passiva que alimenta essa crise. A segurança pública não pode ser relegada a um mero discurso político. É necessário um plano de ação concreto, amplo e eficaz, que ataque as raízes do problema e promova a reconstrução do tecido social.
Investir em educação de qualidade, políticas públicas de inclusão social, combate à pobreza e à desigualdade são medidas essenciais para prevenir a criminalidade. É preciso repensar o modelo de policiamento, valorizando a formação dos agentes de segurança e promovendo uma atuação mais humanizada e próxima da comunidade.
A sociedade civil também tem um papel crucial a desempenhar. É necessário fortalecer os canais de diálogo entre a população e o poder público, cobrando medidas efetivas e participando ativamente da construção de um futuro mais seguro e pacífico.
A luta contra a violência não é apenas uma responsabilidade do Estado, mas sim um dever de todos nós. Somente com a união de esforços e a construção de um projeto coletivo de segurança pública poderemos resgatar a paz e a esperança para o nosso país.
JOSÉ (NILTON) G. MONTEIRO
ADVOGADO