Há algum tempo que o governador do Ceará e o prefeito de Fortaleza trocam farpas. O relacionamento entre eles veio se estragando no decorrer do primeiro ano de Elmano de Freitas (PT) e o terceiro de Sarto Nogueira (PDT). Agora, definida a candidatura petista (Evandro Leitão), os ânimos se acirraram. São cobranças e críticas pra lá e pra cá. E está passando sem ruído dos outros postulantes ao trono da Prefeitura, que deixam a polarização tomar conta dos dois principais candidatos. Dá para perguntar: vão ficar só assistindo?
A toada é boa e o bate-boca virtual abarca áreas da administração de um e do outro. O assunto que mais rendeu foi a violência, sem dúvida, predominante neste início de ano (2024). Com 819 homicídios e taxa de 37,25 assassinatos por 100 mil habitantes, nos três primeiros meses do ano, o Estado só ficou atrás de Pernambuco no quesito. O Ceará teve no primeiro trimestre deste ano a segunda maior taxa de assassinatos por 100 mil habitantes do Brasil. Dados do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp), do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).
Mas o que pegou fogo na discussão foi o assassinato de servidor do IJF, dentro do próprio hospital. Sarto acusou a polícia estadual dizendo ser “inaceitável a violência em Fortaleza. Hoje, mais uma vez, vivemos momentos de horror. Dois assassinatos brutais (houve outro, um jovem foi morto a tiro e morreu dentro de uma escola, no Passaré). A paralisia do Governo de Estado no combate às facções não parece ser apenas incompetência, mas também cumplicidade”.
O governador Elmano respondeu, explicando que a morte no IJF foi passional e que a Guarda Municipal é responsável pela segurança no IJF. Uma meia verdade. Houve exagero do prefeito, mas há uma barreira ideológica no PT na questão do crime organizado, desde que Camilo Santana era governador e quis abafar as agressões nas ruas e nos ônibus em Fortaleza na negociação com criminosos. Foi em março de 2019. Os bandidos incendiaram ônibus do transporte coletivo e uma van do transporte alternativo na Região Metropolitana. Pelo menos 23 ataques foram realizados. O Sindiônibus informou que foram 10 ataques somente a transportes coletivos, sendo nove ônibus e uma van.
Só para que você consiga perceber o que cada um cobra do outro – e o que Fortaleza perde por essa briga, que poderia ser substituída pela ação conjunta. Alguns pontos, muitos nem conheciam – veja os pontos:
- Aumento da passagem
- Obras paralisadas
- Edifício São Pedro e Acquario
- Ponte dos Ingleses
- Fechamento de Hospitais e lotação no IJF
- Taxa do Lixo
- Aproximação com o bolsonarismo
- Dessalinização
- Terreno no Álvaro Weyne (posse de um terreno localizado no cruzamento das avenidas dr. Theberge e Tenente Lisboa, no bairro Álvaro Weyne, onde seria construído um parque urbano. O Metrofor, no entanto, impediu as intervenções alegando planos para uma futura linha de metrô subterrânea no local).
- Lord Hotel seria transformado em Câmara Municipal – um prédio de quase 70 anos, localizado no Centro de Fortaleza, que está em estado de abandono. O governo do Estado cedeu a Prefeitura em 2019, que propôs o restauro do local para abrigar a Câmara Municipal, que desistiu. A Secultfor está devolvendo ao governo. O Metrofor, que ficou à frente da desapropriação do prédio em 2001, informou que o Lord Hotel ainda se encontra sob responsabilidade da Prefeitura de Fortaleza)
Sarto encerra a discussão enfatizando que o governo trata prefeitura como “rival”. E destaca, “pela primeira vez em Fortaleza nós temos remédio em casa, passe livre estudantil, mas a prefeitura não consegue nenhuma pactuação institucional com o Estado e União”.
Então, será por isso que o governo foi eleito com o slogan de um “Ceará três vezes mais forte” – com Lula, Camilo e Elmano. Até agora nada valeu. E agora, com a candidatura de Evandro Leitão, será “Fortaleza 4 vezes mais forte” – com Evandro, Elmano, Camilo e Lula? Vade retro!
Bobagem. Vamos limitar esse excesso de inteligência. Parece até o presidente do Tribunal de Justiça do Recife, desembargador Ricardo Paes Barreto, que queria fazer a calçada da fama do Judiciário, para ser uma atração turística, com o dinheiro do povo. A ideia era que os presidentes do TJ-PE colocassem a mão na caçada. Se fosse a digital… Felizmente, o repúdio à ideia fez ele desistir.