“Depois de termos celebrado a instituição da eucaristia, a morte de nosso Senhor Jesus Cristo e sua ressurreição. A comunidade cristã é chamada a celebrar a vida que venceu a morte”.
Segundo a Liturgia Católica, antes de todas as grandes Solenidades, existe uma celebração de véspera ou vigília, quando passamos a noite velando em preparação para o Domingo da Ressurreição de Jesus.
A Vigília Pascal faz parte do Tríduo Pascal, também podemos chamar este dia de Sábado Santo, ou Sábado de Aleluia. Essa celebração é a mais importante de todas as celebrações cristãs, pois nela comemoramos a Ressurreição de Cristo.
Participamos, durante mais de três horas, dO Sábado Santo, celebrado no escurecer do dia com as luzes da Igreja apagadas. Todo o povo se reúne na escuridão e na penumbra, até que a Liturgia da Luz, com a benção do fogo, acende a chama do Círio Pascal, que vai alimentando as velas de todos os fiéis, e aquilo que antes era treva, converte-se em luz! Dessa forma, a Igreja recorda que Cristo Ressuscitado é a luz do mundo, Aquele que quebra a escuridão da morte e do pecado.
E é com a força dAquele que quebra a escuridão da morte e do pecado que devemos atuar no mundo do nosso dia a dia, tomando consciência do nosso papel e vigilante para cada um também cumpra o seu. A Igreja Católica faz a vigília de tudo, afinal ela está presente na história de todos nós e, sobretudo, na história brasileira. É assim em toda a sua trajetória, desde a chegada dos portugueses, contribuindo para a formação cultural, artística, social e administrativa do país.
Não é à toa que a maioria das cidades brasileiras foi construída em volta de uma igreja. Essa é a força, é o protagonismo que dela esperamos. O Brasil vive momentos difíceis, em que um dos lados dos tripés de sustentação do equilíbrio democrático, com a conivência ou omissão dos outros, impõe restrições à nossa liberdade sacrifícios e castigos, como se deuses fossem, a pessoas dependentes do processo legal, chegando a praticar censuras e até torturas, que já levaram a morte e podem levar a mais. Vale até lembrar o aporte de Alexandre Garcia, em comentário seu canal diário no YouTube: “…em 31 de março de 1821 acabou a inquisição em Portugal. E muita gente acha que ela recomeçou no Brasil nesses últimos tempos…”
A decretação do silêncio e o cerceamento da livre manifestação amordaçou até mesmo as Forças Armadas, que, com seu poderio de tropas e de armas seria, como entende o jurista Ives Gandra Martins, o nosso poder moderador, o que não está previsto na Constituição. Completamos 60 anos da Contrarrevolução de 1964, que instalou no Brasil 21 anos de governo militar. A escuridão que vivemos não mereceu sequer a luz de uma ORDEM DO DIA na caserna, ficou na penumbra de uma ORDEM DA NOITE.
Vale, ao final, lembrar o que disse o jurista Rui Barbosa, em 1903: “A Pátria não é ninguém; são todos; e cada qual tem no seio dela o mesmo direito à ideia, à palavra, à associação. A Pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo; é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade”.